quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Você

Agora estou embriagada pelo sono e pela sua ausência;
Envolvendo estrelas em meus pecados, testemunhas silenciosas desse crime de omissão;
Não vejo, não cheiro e não toco, não ouço e nem provo qualquer coisa, mas sinto, e o que sinto confunde e ao mesmo tempo aguça cada sentido;
Metade da noite em claro, outra metade em suspiros;
Olhos, incansáveis, fieis vigilantes da sua figura, com pulmões se enchendo de tudo aquilo que imagino se aproximar do sei cheiro, toco a superfície mais macia sabendo de sua aspereza comparada a sua pele, e quando qualquer som agradável premia meus ouvidos lamento saber o quão incomodo seria se sua voz fosse posta no páreo;
Mas não poderia comparar-se com a sensação que o sonho me deixa ao chegar o despertar, mesmo quando os olhos se abrem, o suave formigamento nos lábio, tão prazeroso e mesmo assim, nada;
E todas as sensações fantasiadas, todas as alegrias pela metade, tudo nada comparado ao objeto de inspiração que resultou essa confissão, tudo nada, comparado a realidade que poderia...
Uma realidade que talvez nunca tenha, nunca chegue...
Uma realidade que mesmo distante, e ainda com oração contraditória, tão bem me faz sonhar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

VEJA que absurdo.

Ontem, estava eu em uma sala de espera, que como toda sala de espera, se encontrava recheada com diversas revistas deixadas ali para diminuir a agonia dos minutos que se arrastam antes de sermos atendidos.
Qualquer pessoa que me conheça sabe perfeitamente que existem situações bem especificas sob as quais eu me digne a abrir um exemplar da revista Veja, momentos como a necessidade de ascender uma fogueira, ou se uma arma for posta na minha cabeça. No entanto, a matéria de capa chamou a minha atenção. Tratava da legislação brasileira, e como existiam leis que eram absurdas e apenas dificultavam a vida das pessoas. Ora essa, nisso eu concordo, de fato, o aparato legislativo contém um conjunto de leis inúteis, algumas deveriam ser mudadas e outras abolidas, mas pedir para deputados e senadores fazerem o trabalho deles é exigir demais da maioria dos políticos desse país.
Eis que abro a revista e corro meus olhos pela matéria, e dou de cara com o primeiro absurdo. Não, não me refiro ao absurdo na legislação, e sim ao absurdo que vejo sempre que abro a Veja. Entre as leis citadas como inúteis e absurdas, ou que apenas dificultavam a vida do brasileiro estavam duas que mais despertaram minha revolta por se incluírem na lista. Como qualquer pessoa normal, eu jogo lixo não reciclavel fora, não o trago para casa, assim, não tenho em mãos a revista para citar o artigo das leis, mas posso falar a que se referem. A primeira foi a critica a nova gramática do português brasileiro que orienta as escolas a ensinarem aos alunos o português formal em sua maneira de escrever e falar, ressaltando, no entanto, que o português coloquial, a maneira como eles já estão acostumados a falar e se comunicar, não esta errado, uma vez que é impossível trazer a escrita para a fala e usarmos todas as regras gramáticas em nossas conversas no dia-a-dia, assim, a lei confere preconceito lingüístico determinar um padrão correto para a fala e não ater tal padrão somente à escrita.
Ok...
Num país tão grande e diversificado como o Brasil, somos atacados indo a qualquer parte, por uma avalanche de variações e sotaques em TODOS os estados brasileiros. Desde o 'tchê' do sul ao 'oxente' do nordeste, nossa maneira de falar é extremamente diversificada, conferir a uma região ou outra, a um modelo ou outro, o titulo de português falado corretamente, seria rebaixar os demais ao errado quando a função da fala, a comunicação, conseguiu ser cumprida tanto por um quanto por outro. Barbaramente, como sempre, a Veja passou aos leitores palavras como 'estão ensinando nossos filhos o português errado', para chocar as pessoas e cativar a opinião publica, e mais uma vez mostra-se seu total compromisso com a desinformação e a alienação. As escolas não ensinarão o português errado, ensinarão que existe o português formal e o coloquial, o que não quer dizer que um esteja certo e outro errado, simplesmente são duas maneiras de se usar a língua e que devemos nos utilizar delas quando a situação pedir. Não vamos usar camiseta e short para ir a um casamento, e nem vestido longo noturno para ir a praia, o principio é o mesmo. Até gostaria de repetir uma fala do meu professor de latim na universidade, Alzir, a respeito das discussões sobre essa nova gramática... Quando estamos doentes, procuramos um médico. Quando precisamos de conselhos legais, procuramos um advogado. Assim, se a questão é lingüística, então que seja dado aos lingüistas a liberdade e a credibilidade que é dado a médicos e advogados e como a eles, o respeito da não contestação de suas habilidades como grupo de estudiosos da língua.

A segunda lei que me chamou a atenção por fazer parte da lista refere-se a obrigatoriedade das escolas em ensinar no ensino médio, as disciplinas de filosofia e sociologia. Mais uma vez, mostrando-se 'preocupada' com a educação brasileira, a argumentação não apenas é pobre, mas descaradamente parcial, se fala, que no Brasil, que ainda tem tantas dificuldades com o aprendizado em ciências, matemática e leitura, não se devia gastar tempo e recursos com disciplinas que não servem para nada além de formação e ideologias de esquerda.
Até quando, Veja? Até quando?
Nesse ponto, claro, achei perfeitamente plausivel da revista (acho um insulto às revistas colocar essa em especial na categoria, mas não tendo outra palavra, usarei esse termo) Veja defender o não ensino de tais disciplinas nas escolas e apelar para o desenvolvimento das ciências exatas e técnicas, condiz perfeitamente com o real objetivo da revista que não é de informar, e sim de levar as pessoas a idolatrarem um sistema onde nós somos meras engrenagens que o mantém vivo. O aprendizado da sociologia e filosofia leva as pessoas a pensarem, o capitalismo não quer pensadores, quer trabalhadores. Uma mente não esclarecida é facilmente manipulada e subjulgada, é levada a crer que o que é ruim para ela e bom para seu opressor, é na verdade bom para todos. As chamadas 'disciplinas úteis' não levam a reflexão ou ao debate da subjetividade, apenas lhes dá o conhecimento para atender a demanda do qual o capitalismo precisa para sobreviver, não questiona. A sociologia e a filosofia leva as pessoas a questionarem, leva elas a pensar a construir e desconstruir idéias. Mais brutamente que isso, tira as pessoas da ignorancia socio-politica na qual o brasileiro se instalou no século passado. Em outras palavras, faz as pessoas pensarem, pessoas pensantes questionam, e questionariam o estilo de mundo que revistas como a Veja defendem, mais do que isso, pessoas pensantes parariam de comprar e ler a revista Veja e outras publicações tão desinformativas quanto.

A mídia brasileira já mostrou muitas vezes o seu compromisso com desinformação, manipulação e falta de ética. No período das eleições presidenciais, achei que havia chegado ao fundo do poço do ridículo com 'bolinhas de papel', 'militantes' (é até engraçado usarem essa palavra para partidos de direita. É rir para não chorar) do PSDB sendo atacados, entre outras coisas, mas a Veja mostrou que no fundo do poço, ainda é possível cavar um pouco mais.
À equipe da Veja, eu gostaria de perguntar, quando vão trocar o papel utilizado para imprimir a revista para que possamos nos utilizar dele no banheiro, já que no presente momento, nem para isso, esta coisa que chamam de revista, esta servindo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Devaneios

É tão surpreso, inesperado e, ultimamente, raro, quando as palavras me visitam, mais ainda quando me chamam para brincar, dançar... Não posso ignora-las quando tão pacificamente desejam estar comigo, verbalizar o que geralmente não consigo.

Ando tendo vontades, vontades que nunca tive... Vontades que sempre achei tão sem sentido nos outros. O universo veio divertir-se comigo, me colocou essa vontade, essa fome pelo novo, e a escolha, entre sacia-la ou para sempre viver na frustração.
Eu andei pensando, se esse furor me atingiu muito tarde, ou se na verdade estou no tempo certo... Não sei, não compreendo o conceito de tempo certo, sempre achei que pessoas distintas possuem tempo distinto, nunca fui fã de padrões, talvez por não me encaixar neles, talvez não me encaixe por não gostar... Oh, que confusão!
Por muito tempo eu achei que não poderia falar de muita coisa. Digo... Conversar sobre tantos assuntos quanto se fosse possível. Ainda me surpreendo quando algum tópico é para mim familiar, e quando tenho algo a opinar a respeito, ou quando tenho algum conhecimento a respeito. Parece não estar certo, parece não ser eu, eu sinto que mudei, mas ao mesmo tempo, me sinto a mesma, como se na verdade eu sempre tivesse sido assim, e por algum motivo agora esteja me achando uma estranha a mim mesma... Me vendo de fora... Quando menor, eu queria ser como meus pais, eu queria saber falar sobre as coisas, queria ser ouvida, queria que alguém soubesse minha opinião e em seus olhos viesse um vislumbre de clareza, me parecia uma coisa tão... Poderosa. Mas nunca me achei assim, nunca senti como se obtivesse exito, mas exito em que? Em ser ouvida? Já não me entendo mais...


Minha mãe tem razão, eu devia voltar para a terapia.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Minhas incoerências

Eu tive medo por muito tempo. Medo do que eu sentia, do que eu pensava, do que eu sonhava, e pelo medo deixei de fazer muita coisa. Eu me preocupei por muito tempo. Me preocupei com o que os outros pensavam, falavam, sabiam, e pela preocupação eu deixei de viver muita coisa. Mas eu mudei, mudei muito, mudei para algo que talvez eu não quisesse ter mudado, mas que me vi incapaz de evitar.

Nos dias de hoje, eu enlouqueço muito mais. A idade não me trouxe a paciência, apenas o desespero, sou uma prudente ansiosa, se é que tal definição pode fazer algum sentido. Por muito tempo eu evitei... Ouvir aquelas músicas, ver aquele filmes, ler aqueles livros... Por muito tempo eu reprimi vontades e desejos, desviei olhares, segurei suspiros, disfarcei lágrimas, mas hoje... Hoje tudo entorpeceu, tudo se desregulou, a sensibilidade se faz presente quando quer, ataca quando tem vontade.

Difícil de entender? Imagine sentir...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu (P-2)

Eu sempre gostei muito de cinema, não importava o filme, o ambiente me agradava, a ansiedade quando as luzes se apagavam, o mundo mágico em que mergulhávamos onde você podia praticamente entrar na história. Não se pode fazer isso vendo filme em casa, onde qualquer coisa pode tirar sua atenção, onde você pode voltar, parar, adiantar... Não, no cinema você tem que tomar cuidado para estar atento, prestar atenção, ou vai perder alguma coisa, deixar algo escapar caso se distraia, basicamente como na vida. Na época em que eu ainda tinha 10/11 anos, uma grande amiga minha, Marilia Gurgel, me chamou para ver um filme com ela, amando cinema, eu não iria recusar, alem disso, gostava de sair sem os meus pais, me sentia independente. Ficamos na hoje fechada, A.S. Book Shop, em Mossoró (onde morei a maior parte da vida), onde ela me apresentou o livro no qual o filme que iriamos ver era baseado. Harry Potter e a Pedra Filosofal, eu já tinha ouvido falar, mas preguiçosa, nunca o tinha pego para ler. Deu a hora e fomos ver o filme, e quando o mesmo acabou eu estava num estado de excitação tão grande, que não pude acreditar que não havia outro filme ainda. Cheguei em casa e despejei tudo para a minha mãe, eu não parava de tagarelar, mentalmente eu ficava repetindo os nomes das casas de Hogwarts para não esquecer, mas sempre acabava esquecendo ‘Corvinal’, devo ter ligado para Marilia umas 4 vezes na mesma noite pra perguntar o nome das casas mais uma vez. No Natal daquele ano minha mãe me presenteou com ‘Harry Potter e o Calice de fogo’, foi o primeiro livro de Harry Potter que li, levei as férias inteiras, não tinha pratica, e o livro era grande. Não entendi muita coisa, precisava das informações dos outros. Convenci minha mãe e ela me comprou os três primeiros livros de uma vez. Eu estava tão louca pela história, que apesar de já ter visto o filme, li o livro ‘Harry Potter e a Pedra filosofal’ em três horas e 50 minutos.
Nos anos que se seguiram, essa história ficou encravada na minha vida de uma maneira que eu me sentia desesperada pelo fato dos demais livros da serie demorarem tanto a sair, e quando saiam, eu os devorava como uma criança faminta a um pedaço de pão. ‘Harry Potter e a Ordem da Fenix’ eu li em uma semana, durante a semana cultural da escola, na minha sétima serie, quando eu era responsável pela decoração da sala, abertura e encerramento da turma, 30 min de leitura por dia, e o que eu conseguia ler enquanto almoçava (meus pais ficavam loucos por eu segurar um garfo com uma mão e o livro com a outra). A serie Harry Potter me abriu mais para a leitura, eu lia livros com mais facilidade, amava as ficções bem elaboradas, impossíveis, inimagináveis. Daí em diante passei por vários autores, na maior parte do tempo para facilitar a espera entre o lançamento de um livro e outro da serie, Pedro Bandeira, Meg Cabot, Diana Wayne Jones... E depois para outros menos infantis, Andre Vianco, Anne Rice, Sheakespeare, Flaubert, Lispector, Machado de Assis, Verissimo (pai e filho)... E nesse mundo de livros fiquei.
Eu nunca fui muito... Comum, sempre fui estranha num lugar onde todos eram muito similares, não tenho vergonha, nunca me importei com isso. Passei mais de 8 anos na mesma escola, e minha peculiaridade foi surgindo durante a adolescência, de forma que os amigos que tinha já estavam acostumados comigo, eles não me tratavam diferente, nem olhavam para mim diferente, os colegas ate que sim, os amigos nunca. Eu fiquei na mesma sala, sempre a turma A do Centro Educacional Aproniano Martins de Oliveira, por 8 anos, lá eu fiz grandes amigos, embora não tenha mais muito contato com nenhum deles, joguei futsal, sendo capitã e goleira do time do inicio ate o momento que fui embora, líder de turma desde a 4º serie, não era exatamente anti-social. Mas ai, tudo mudou... Como toda a minha turma, ao chegar na 8º serie do ensino fundamental, eu prestei exame para entrar na categoria de ‘Ensino Médio Integrado’ do antigo Centro Federal de Educação Tecnologica (CEFET), hoje Instituto Federal, fui aprovada no curso de Edificações, e pela primeira vez em quase uma década, fui aquilo que mais detestava ser, novata. Mesmo todos da minha turma serem novos também, aquilo não me deixava mais confortável...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu (P-1)

Vamos ver como isso funciona. Não consigo produzir, escrever, brincar com as palavras como costumava, mas mais uma vez estou aqui tentando, que a minha falha não seja a falta da determinação. Assim, vou simplesmente fechar os olhos, e deixar meus dedos fazerem o que minha cabeça parece ter desaprendido.
Sinto, por algum motivo, enquanto monto palavras, após palavra, que não posso parar, que tenho de me apressar, pois as palavras estão acabando. Eu sei que é um assunto chato, que ninguém quer perder o próprio tempo com reflexões alheias de uma cabeça que já não sabe do que esta falando, mas ainda assim, não posso parar, ainda que ruim esta ‘dança’, esta surgindo tão naturalmente, que não me atrevo a interrompê-la e correr o risco de não ter outra a seguir.
Imaginei, agora, que o problema principal fosse o tópico sobre o qual escrever. Sempre acho que não tenho informações suficientes sobre os tópicos que para mim são interessantes, ou se tenho, minha falta de disposição entra em cena para que eu possa usá-la como desculpa para o branco no papel. A verdade é que tudo poderia ser a mesma coisa. A mesma força dentro de mim que esta se negando a me deixar escrever.

Disposição agora não esta me faltando, e para não correr o risco da falta de informação, vou falar sobre o único assunto no qual não me falta pericia, eu mesma.
Acho que nunca falei de mim mesma no decorrer dos blogs, embora textos e mais textos contenham mares de informações sobre a minha pessoa, meus sentimentos, meus pensamentos, falar de mim sempre foi seguir uma ficha técnica de dados simplórios que em nada colaboram para se conhecer alguém de fato.

Começar pelo nome e a idade, é de praxe, embora eu ache irrelevante, uma vez que seus olhos correm por estas linhas, o nome do espaço ao qual este texto é exposto já oferece essa informação básica.
Meus pais, de quem eu nunca falo nas minhas postagens, possuem a culpa majoritária da minha personalidade autoritária, teimosa e impaciente. São dois sociólogos mais do que engajados nas lutas por uma sociedade mais justa, cada um em seu movimento social especifico, embora eu ache que eles na verdade trabalhem no mesmo corpo, só que órgãos diferentes. Quando eu era pequena, costumava compará-los com os super heróis que via em filmes e histórias... Não, não têm nada a ver com a admiração de filhos que vêem os pais como seres super poderosos, mas quando era explicado para mim que o trabalho deles era lutar por um mundo melhor, não tinha como não associar aquela odisséia heróica por paz, justiça e bondade para toda a humanidade, a única diferença é que os heróis lutavam contra vilões unanimemente apontados como tal através da violência, e meus pais... Bom, eles usam um jeito um pouco mais demorado, porque os bandidos em questão são vistos como mocinhos por muita gente.
Graças a eles eu desenvolvi um apreço muito grande pelas ciências humanas. Tenho certeza que com um direcionamento diferente eu poderia ter sido uma médica ou engenheira civil muito hábil, assim, serei eternamente grata a eles por nunca tentarem me empurrar para nenhuma outra categoria da ciência que não as humanas, a rotina de outra área acabaria com a minha criatividade.
Meu pai, em especial, é o responsável por eu gostar tanto de história. Com 9 anos de idade, a maioria ganha brinquedos no dia das ‘crianças’, ou roupas, ou um dia no parque de diversões... Eu ganhei ‘O livro de ouro da mitologia - Thomas Bulfinch’, não, não é um livro infantil, eu ainda o uso agora no ensino superior. Na época eu já gostava de história, já mostrava um interesse pela matéria, mas também demonstrava isso pela matemática. Não foi o livro que me fez gostar de história, minha mãe já tinha me dado ‘A Odisseia’, versão de Ruth Rocha, e eu tinha outros livros de mitologia, mas todos eram livros infantis, apenas com mitos condensados para crianças, essa é a lembrança mais antiga que tenho que me incentivou mais seriamente para área. Mais ou menos dois anos depois, já na segunda etapa do ensino fundamental, quando passei a ter professores específicos para cada disciplina, minha preferência por história ficou mais do que clara, isso, ou eu estava muito apaixonada pelo professor, o que não deixa de ser verdade, mas infelizmente ele partiu meu coração largando a magistratura e alistando-se na marinha. A partir daí o resto das minhas leituras e empenhos foram voltadas para livros que continham informações históricas ou referencias a mitos, em especial sobre a antiguidade.
Apesar de sempre ter tido muita preguiça de ler e estudar, minhas notas nunca foram ruins, muito pelo contrário, eram até bem boas. Mas chegou o momento no qual eu não podia mais fugir a ler livros grandes, e que como não falavam sobre mitologia, não me interessava de fato. Eu devia ter entre 10 e 11 anos, quando uma grande amiga minha me apresentou um livro que seria um grande personagem nos próximos anos da minha vida...

domingo, 29 de maio de 2011

Palavras

Eu pretendia voltar a escrever usando o dia 17 de maio como desculpa, e falar sobre o dia de luta contra a homofobia. Obviamente eu não consegui fazê-lo. Depois, eu quis falar sobre o novo código florestal que esta gerando tanta polemica, mas novamente, eu não consegui. Agora, eu tinha preparado todo um conjunto de palavras, citações e comentários sobre histórias, filmes e revistas, por causa do dia do orgulho nerd, mas isso eu também não consegui fazer.

Houve um tempo em que nada mais me dava tanto prazer quanto escrever. Não importava as coisas que me acontecessem, escrever estava acima de tudo. Os amigos que se foram, os amores que me deixaram, as oportunidades que perdi, nada disso me impedia de levantar porque se tudo acontecesse, eu ainda poderia escrever. Não sei, não sei se o ‘De A à Zélia’ serviu ao seu proposito, ou se teria sido melhor continuar com o ‘Different kind of wonderful’, talvez não importe, já que as palavras agora não fogem mais de mim, elas simplesmente parecem não existir mais.

Não sei quando o bloqueio começou, não sei quando ele irá acabar, mas se eu não puder mais usar as palavras, então não posso mais ser eu. De todas as vezes que me reinventei, meu novo eu continuava a escrever, a dançar com as palavras, ainda que mal, ainda que incompreensível, ainda que sem olhos para lerem.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Casamento gay no Brasil

Achei esse texto extremamente divertido nas discussões sobre a legalização da união civil homoafetiva. Exemplo perfeito de quão ridículos são os argumentos usados para negar um direito tão básico do ser humano.





Este texto foi publicado várias vezes, em diversos fóruns sobre respeito a diversidade sexual, em inglês, e sem autoria. Achei que ele merecia ser lido em português, afinal, essa pouca vergonha de casamento gay realmente não faz sentido.

1. Ser gay não é natural. Brasileiros de verdade sempre rejeitam as coisas artificiais, como lentes de contato, poliéster e ar condicionado.

2. O casamento gay vai encorajar pessoas a serem gays, da mesma forma que sair com pessoas altas vai fazer você ficar mais alto.

3. Legalizar o casamento gay vai abrir um precedente pra todo o tipo de comportamento maluco. As pessoas podem até querer casar com seus bichos de estimação.

4. O casamento hetero esteve aí este tempo todo e nunca mudou: mulheres continuam sendo propriedade dos homens, negros não podem casar com brancos e o divórcio continua ilegal.

5. O casamento hetero perderia o sentido se o casamento gay fosse permitido. O sacramento do casamento só de zoação de 55 horas da Britney Spears seria destruído.

6. Casamentos heteros são validos porque produzem crianças. Casais gays, pessoas inférteis e pessoas velhas não devem ter o casamento permitido, porque nossos orfanatos não estão cheios o suficiente, e o mundo precisa de mais crianças.

7. Obviamente pais gays só criam filhos gays, assim como casais heteros só criam filhos heteros.

8. O casamento gay não tem o apoio dos religiosos. Numa teocracia que nós vivemos, os valores de uma única religião têm que ser impostos sobre todas as pessoas do país inteiro. É por isso que temos apenas uma religião no Brasil.

9. Crianças nunca podem ter sucesso sem o papel de um modelo de homem e mulher em casa. É por isso que na nossa sociedade é estritamente proibido pais ou mães solteiros criarem crianças sozinhas.

10. O casamento gay vai mudar os fundamentos da sociedade; nós nunca poderemos nos adaptar a novas normas sociais. Assim como nós não nos adaptamos aos carros, ao terceiro setor, vidas mais longas e a internet.

William De Lucca
Que acha que essas maluquices só dao certo em paises sub-desenvolvidos, como o Canadá