domingo, 21 de novembro de 2010

Liberdade

"Antes eu estava preso, confinado, condenado a viver para sempre aprisionado aos seus passos, num caminho que aos poucos se afastava do que eu era, do que éramos, do que fomos e não voltaremos mais a ser."

{Trecho de 'Adeus à familia' - Terra de ninguem ( http://xterradeninguemx.blogspot.com/ )}

Liberdade - "Em filosofia, designa de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação isto é, ela qualifica a independencia do ser humano De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito nacional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários."
{Fonte: wikipedia}

Liberdade é uma coisa que ninguém tem... Liberdade de opinião, de credo, de expressão, de imagem, sexual. Ninguém tem, somos todos reprimidos, oprimidos, e no fim a unica maneira de sobreviver é se prender... Se prender à convenções, à esteriotipos, padões de pensamento e comportamento... E a cada corrente quebrada muitas outras surgem, correntes que ninguém consegue livrar-se... Correntes disfarçadas de proteção...

Não somos livres, nem nunca seremos. Somos ignorantes, e sempre será assim.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Saudades...

Esses dias eu comecei a ver o rumo que esse blog tomou, não era exatamente o que eu queria, mas... Não sei, Acho que agora é tarde pra voltar atrás, ou talvez eu não queira, falar de besteiras de vez em quando parece bom.

Esses dias eu senti saudades... Não sei dizer de que, acredito que de coisas em geral, de muitas coisa, com muita gente...

Eu estou com saudades ainda... Saudades de fofocar com a Pam, de resolver mistérios matemáticos com o Pedro e a Tais. Saudades de dividir uma fatia de bolo de chocolate com Marcos Tulio toda quarta no Liberdade, de beber com meu broto Rodolfo. Eu sinto saudades de brincar de boneca com a Evelin, de discutir futebol, política e religião com a Natalia. Eu sinto saudades de viver grandes encontros no Ceara Music junto com a Rafaella e a Amanda, e militar com Raquelzinha. Sinto saudades de sair pra praça com Malu, e tomar sorvete de ferreiro rocher com Jessica. Eu ate sinto saudades de ficar sozinha no café conversando com as garçonetes, e com a dona, pedir o de sempre, que eu peço desde a inauguração. Tenho saudades de chamar o Charlie de tio sexy, de chamar o Heitor de meu bolinho e ver ele me chamar de enroladinho. Eu tenho saudades de dar broncas e brincar com a Pri pelo telefone, e de falar besteiras com o Liphas. Tenho saudades de falar de pornografias com a Marcela, e chamar a Bruna de bubulicia todo dia. Tenho saudades de ver a eficiência da Alessaura, e de chamar o Raphael de Mozão. Eu ate mesmo, tenho saudades das horas que eu conversava com a Baldessarini e nada saia de muito produtivo, mas também tenho saudades das discussões com o Gregori, da Leticia, minha animoa baby mais linda, da sabedoria da ursinha Danni. Sinto saudade de falar sobre problemas de relacionamento com a Andy, e de conversar com a Larissa. Sinto saudades da minha mãe Tati, e da tia Milly. Sinto saudades da Grifinoria do Glauber, e meu Deus!! Como eu sinto falta de falar com a Feh quando estou confusa, ela dava sempre os conselhos mais perfeitos.

No fim, eu sinto saudade de todos, e de todas as maneiras que me faziam feliz, e como eu poderia tentar fazê-los feliz também... Saudades dos amigos que agora estão longe. É tão difícil viver sem vocês.

Saudades de uma época melhor que esta.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Selma e Sinatra

Depois de postagens um pouco perturbadoras, exposições das minhas próprias frustrações, quero uma coisa mais light. Literalmente, não pretendo me estender muito, primeiro por falta de tempo, segundo porque sei que por mais que use milhões de palavras, não vou conseguir descrever o que quero.
Então... Há alguns meses atras, convidada para participar da feira do livro na minha cidade natal (Mossoró), a escritora gaúcha Martha Medeiros deu uma passadinha aqui pela capital do estado do Rio Grande do Norte, onde participou de um leve bate papo com outro escritor vindo da Bahia. Uma pequena sessão de autógrafos, tudo muito tranquilo.
Incrível como as coisas acontecem e a gente nem percebe o quanto tem sorte as vezes.
Na ocasião em que ela esteve aqui, eu terminava de ler um dos livros de sua autoria "Tuto que eu queria te dizer", um livro muito bom onde ela encorpora diversos tipos de pessoas e escreve todos os tipos de cartas. Reconciliação, ameaças, desabafos, ate carta suicida, realmente muito bom, recomendo, com certeza. Mas não é para falar sobre este livro que estou escrevendo. Pouco antes do inicio do encontro com a escritora com o publico, que foi em um ambiente fechado na Siciliano, eu adquiri três livros de autoria dela, "Cartas Extraviadas" que é um livro de poesias, maravilhoso! "Doidas e Santas" que é voltado para cronicas, e "Selma e Sinatra", que é uma narrativa com poucos personagens.
Já faz muito tempo que eu terminei de ler "Tuto que eu queria te dizer" e "Cartas Extraviadas", porém, "Doidas e Santas" e "Selma e Sinatra" estavam estacionados na minha prateleira, e eu nunca me cobrava lê-los no meu tempo livre. Ontem, depois de passar boa parte da noite ouvindo 4 GB de musicas brasileiras, MARAVILHOSAS, como Chico Buarque, Jorge Ben, Maria do Ceu, Caetano Veloso, Alceu Valença, Zé Ramalho, entre outros, olhei para o livro e decidi que começaria a lê-lo e talvez, ate o domingo terminasse o livro, já que ele não é tão grande.
Adoro quando sou assim surpreendida por mim mesma...
Peguei o livro para ler, aproximadamente as 21:23 da noite, e no som, deixei baixinho tocando o CD de Alceu Valença e logo depois, Zé Ramalho mais uma vez. Quando dei por mim, eu estava já na metade do livro, então, achei que estava bom para começar. Marquei a magina na qual tinha parado, tomei um banho, pus meu pijama, deitei novamente, mas não estava com sono, e ainda era um pouco cedo. Peguei o livro novamente e voltei a ler, estava realmente muito interessante, e quando dei por mim, eram 22:47 e eu tinha terminado de ler o livro.
Assim que o guardei de volta na prateleira, ainda passei pelo menos, mais uma hora pensando sobre as coisas que eu tinha lido. Eu queria poder colocar algumas passagens aqui, mas por mais que eu escolhesse as mais intensas, ou as que me chamaram mais atenção, o livro todo é como um quebra cabeças, e não importa que você mostre a peça mais colorida, as pessoas não vão entender a maravilha da imagem a menos que vejam tudo.
"Selma e Sinatra" fala sobre uma jornalista que vai fazer a biografia de uma grande cantora brasileira, e que esta a procura de um grande sucesso literário. Ao começar as entrevistas com a cantora ela acaba se desapontando, pois tem certeza do quão entediante será seu livro, um fracasso! E tenta de todas as maneiras encontrar alguma complexidade na vida pacata da cantora. No fim das contas, ela acaba de surpreendendo consigo mesma e com sua entrevistada.
Não vou dar detalhes, porque eu espero realmente que quem ainda não leu, se interesse em ler e fique tão maravilhado quanto eu. Os diálogos e as reflexões não tem como não captar as pessoas e fazer você também refletir sobre tudo que as duas personagens conversam.
Não me atrevo a me comparar a nenhum dos personagens, mas se tivesse que achar semelhanças comigo, eu as procuraria em Guta, pela paciência inicial dela, e pela maneira como ela explode de impaciência ao longo da historia, mesmo tentando controlar-se, e também por muitos outros fatores que prefiro não mencionar aqui para não estragar a surpresa daqueles que ainda pretendem ler o livro.

"Que atrevimento daquela garota achar que pode rastrear a dor alheia. Quem é que consegue enxergar o outro por dentro? Quem é que consegue desembaralhar os seres intrincados que somos? Mas que gigantesca insolência querer arrancar verdades, como se fosse fácil verbalizar tudo que sentimos. Falo português, canto em português, mas penso sem palavras, penso sem articulação, penso com estilhaços, não me esforço em me compreender feito uma pagina escrita, nunca tive esta ousadia, mas ela tem.
(...)
Quem procura palavras para se decifrar esta buscando autenticar uma farsa. É sempre um parto difícil, induzido, e não se sabe o que vamos ter que adotar como nosso ate o fim da vida. Quanta responsabilidade, identificar-se! "Esta sou eu, muito prazer. Sinto isso, gosto daquilo, sou contra, sou a favor..." É uma idiotice delimitar-se através de preferencias e opiniões. E depois morrer justificando estas escolhas que foram apenas casuais, oportunas, apetecíveis num determinado momento, mas nunca para sempre."

Trecho de Selma e Sinatra - Martha Medeiros.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Medo

Ao contrario do que eu planejava fazer, este post não terá foco na vitória da candidata a presidência da republica Dilma Rousseff. Aproveito ele para agradecer a todos e todas as brasileiras que, como eu, contribuíram para que nós elegêssemos a primeira mulher presidente do Brasil, e mais do que isso, pela continuação das idéias e dos programas do governo do presidente Lula. Mas não me esqueço da excelentíssima minoria que optou pelo outro candidato, afinal, sem vocês seria impossível a pratica da democracia, e não festejaríamos tanto pela maioria do país compreender o que deseja para os próximos 4 anos.

Infelizmente, nem tudo são flores. Essas eleições e mais especificamente essas poucas horas em que acordei no dia 1 de novembro de 2010 me fizeram ver a perpetuação de algo contra o qual eu não sei mais como lutar, e ver uma realidade futura que por muito tempo eu desejei mudar.

Neste domingo, dia 31 de outubro, após a declaração sobre a vitória da candidata do PT o twitter mais uma vez teve sua agitação. Dentre todos os tweets de comemoração e parabéns para a nova presidente, esta manhã vários outros se destacaram, muitos em revolta, mas a maioria em concordância.

O blog http://kioshi.blogspot.com/ exibiu prints de tweets de varias pessoas praticando a xenofobia contra nordestinos. Dentre os muitos tweets revoltantes, destaco alguns como: “Nordestino não é gente, faça um favor a Sp, mate um afogado!” por Mayara Petruso; “só nordestinos fdp pra vota na Dilma! Nordestino num serve pra NADA DE UTIL vem pra SP ENCHE O SACO e vota na merDILMA” por Tayane Monteiro; “o nordeste não deveria existir, bando de ignorante morto de fome, que se vendem por uma cesta básica e coisas do tipo.” Por Giovanna Varella; “Que Páis é esse? ..É a porra do BRASIL! ...onde nordestino acha que é gente! ... É só olhar pra ver que sou do #SUL!” por Daniella Lindner.

Dizer que discordo totalmente do que esta escrito e que estou revoltada com a atitude das pessoas é muito pouco, eu estou desapontada. Agradeço por este ser um desabafo virtual em palavras escritas, não teria condições de falar qualquer coisa.

Como de praxe, eu vou contar uma história...

Quando eu tinha 9 anos de idade, minha mãe me mandou para minha primeira viagem longa sem meus pais, a primeira vez que andei de avião. Fui visitar meus tios e minha prima que moram em Vila Velha no Espírito Santo. Eu gostei de lá, estranhei um pouco o clima, a água da praia era mais fria do que eu estava acostumada, as pessoas tinham um sotaque engraçado, e provei umas comidas bem diferentes. Lá, eu conheci os amigos dos meus tios e da minha prima, pessoas simpáticas, ate levei algumas coisas junto com a bagagem, lembranças da terra que há muito eles tinham deixado.

Alguns anos depois eu voltei à Vila Velha para visitar minha tia novamente, férias, eu passaria uma semana na casa dela e depois partiria para São Paulo, hospedada na casa de amigos da minha mãe. Acho que eu deveria ter entre 13 e 14 anos. São Paulo foi bastante divertida, um pouco frustrante confesso, jamais me acostumaria com o ar difícil, e o trafego pesado de lá. Mesmo assim, apreciei bastante a viagem, me deliciei no museu de arqueologia da USP, nos sebos enormes, na beleza da catedral da Sé, mas nada se comparou ao bairro da liberdade. Provar meus pratos favoritos feitos ali na hora, da maneira mais tradicional que alguém longe do Japão poderia fazer.

No inicio do ano passado, ao fim dos meus doces 17 anos, tive o prazer de poder participar do Fórum Social Mundial, realizado em Belém do Pará. Não preciso nem dizer o quanto eu gostei de lá. Transitando entre a UFPA e a UFRA, eu vi as coisas mais diversas, afinal, alem de paraenses haviam pessoas de todo o mundo para o fórum. Pato no tucupi, rosquinha de castanha do Pará, Tacacá... Nossa, devo ter ganho uns 10 kg só naquela semana, tudo muito, muito, muito bom. E como se já não bastasse, ainda pude encontrar com a Cicy, mesmo que por pouco tempo, e meu Deus! Como eu estou com saudades tuas, menina!

Por ultimo, minha ultima peripécia foi na capital gaucha. Comprovado, o melhor churrasco que eu já comi. Saudades do Cavanhas, do memorial Mario Quintana, do mercado, do MARGS, na verdade, de toda praça da alfândega, de Bento e Gramado que visitei rapidamente. E obviamente, das pessoas (pra Tais e pra Pam, prometo que fico em São Leo da próxima vez! Pro Douglas, se ainda quiser vir a Natal, já tem hospedagem. E pra todos os outros com quem falo sempre e não precisam ser lembrados da falta que eu sinto).

Contando, claro, com minhas aventuras pelo meu nordeste a fora... Carnaval em Pernambuco, Ceara Music em Fortaleza, ah lençóis maranhenses... Sinto dizer que viajei muito pouco pelo meu país. Eu sempre quis conhecer bem o Brasil, sempre gostei de viajar, e sempre preferi priorizar o meu país porque, bom, pra que ir atrás lá fora se ainda nem vi tudo aqui dentro?

Eu queria ir no Rio, queria conhecer Floripa, queria ir no Oktoberfest, Curitiba, Londrina, Sorocaba, Santo André, Santos, Petrópolis, Belo Horizonte, Manaus, Goiânia... Mas como? Eu estou vendo, mesmo que superficialmente, como eu seria recebida em cada um desses lugares. Eu sei, sem sombra de duvida, que indo a Fortaleza, Recife, Olinda, Teresina, João Pessoa, Campina Grande, Caiocó, Martins, Souza, Boa Vista, eu não tenho porque ter medo de levar uma pedrada na cabeça só porque eu não nasci no Sul, ou me amedrontar passeando na praia porque não vão tentar me afogar só porque minha origem é de uma região humilde, ou me chamar de ignorante, mesmo eu estando no curso superior, só porque discordo da opinião de alguns sobre as eleições, ou porque sou contra a separação de qualquer área brasileira, ou porque meu sotaque é engraçado, ou porque não tenho uma cultura importada dos EUA ou da Europa, ou porque minhas expressões são latinas e não caucasianas. Aqui ninguém vai me chamar ignorante, nem dizer que não tomamos banho, zombar sobre o quão é impressionante termos acesso a internet, questionar nossa capacidade de ler e pensar, nem me olhar torto porque eu sou nordestina... E não, não vão fazer isso porque são todos do nordeste, não vão ser legais comigo porque somos da mesma região... Vão fazer isso porque desde pequeno, aqui, as pessoas são ensinadas a terem respeito, a serem educadas e a saberem que o nome do país que vivem não é Nordeste, nem Sul, nem Sudeste, é Brasil. Eu estou acostumada a me olharem torto por dezenas de motivos, se contar todos os preconceitos daria uma boa lista(sexista, religioso, homofóbico, social...) , mas ainda não me acostumei a que me olhem torto ou que desdenhem da minha competência por eu ser nordestina, não consigo, realmente, não consigo me acostumar a isso.

Eu realmente queria viajar o Brasil inteiro, queria conhecer cada cantinho e provar de cada coisa diferente e gostar de cada uma delas, mas dessa vontade eu vou ter que desistir, e mais terrível que isso é ver pessoas a quem eu tanto considerava concordarem com certas barbaridades quebrando totalmente tudo que eu nutria por elas.

Infelizmente, é chorando que desabafo aqui que pela primeira vez, estou com medo, não de um governo repressor ou de uma guerra iminente, estou com medo do povo do meu próprio país.