segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu (P-2)

Eu sempre gostei muito de cinema, não importava o filme, o ambiente me agradava, a ansiedade quando as luzes se apagavam, o mundo mágico em que mergulhávamos onde você podia praticamente entrar na história. Não se pode fazer isso vendo filme em casa, onde qualquer coisa pode tirar sua atenção, onde você pode voltar, parar, adiantar... Não, no cinema você tem que tomar cuidado para estar atento, prestar atenção, ou vai perder alguma coisa, deixar algo escapar caso se distraia, basicamente como na vida. Na época em que eu ainda tinha 10/11 anos, uma grande amiga minha, Marilia Gurgel, me chamou para ver um filme com ela, amando cinema, eu não iria recusar, alem disso, gostava de sair sem os meus pais, me sentia independente. Ficamos na hoje fechada, A.S. Book Shop, em Mossoró (onde morei a maior parte da vida), onde ela me apresentou o livro no qual o filme que iriamos ver era baseado. Harry Potter e a Pedra Filosofal, eu já tinha ouvido falar, mas preguiçosa, nunca o tinha pego para ler. Deu a hora e fomos ver o filme, e quando o mesmo acabou eu estava num estado de excitação tão grande, que não pude acreditar que não havia outro filme ainda. Cheguei em casa e despejei tudo para a minha mãe, eu não parava de tagarelar, mentalmente eu ficava repetindo os nomes das casas de Hogwarts para não esquecer, mas sempre acabava esquecendo ‘Corvinal’, devo ter ligado para Marilia umas 4 vezes na mesma noite pra perguntar o nome das casas mais uma vez. No Natal daquele ano minha mãe me presenteou com ‘Harry Potter e o Calice de fogo’, foi o primeiro livro de Harry Potter que li, levei as férias inteiras, não tinha pratica, e o livro era grande. Não entendi muita coisa, precisava das informações dos outros. Convenci minha mãe e ela me comprou os três primeiros livros de uma vez. Eu estava tão louca pela história, que apesar de já ter visto o filme, li o livro ‘Harry Potter e a Pedra filosofal’ em três horas e 50 minutos.
Nos anos que se seguiram, essa história ficou encravada na minha vida de uma maneira que eu me sentia desesperada pelo fato dos demais livros da serie demorarem tanto a sair, e quando saiam, eu os devorava como uma criança faminta a um pedaço de pão. ‘Harry Potter e a Ordem da Fenix’ eu li em uma semana, durante a semana cultural da escola, na minha sétima serie, quando eu era responsável pela decoração da sala, abertura e encerramento da turma, 30 min de leitura por dia, e o que eu conseguia ler enquanto almoçava (meus pais ficavam loucos por eu segurar um garfo com uma mão e o livro com a outra). A serie Harry Potter me abriu mais para a leitura, eu lia livros com mais facilidade, amava as ficções bem elaboradas, impossíveis, inimagináveis. Daí em diante passei por vários autores, na maior parte do tempo para facilitar a espera entre o lançamento de um livro e outro da serie, Pedro Bandeira, Meg Cabot, Diana Wayne Jones... E depois para outros menos infantis, Andre Vianco, Anne Rice, Sheakespeare, Flaubert, Lispector, Machado de Assis, Verissimo (pai e filho)... E nesse mundo de livros fiquei.
Eu nunca fui muito... Comum, sempre fui estranha num lugar onde todos eram muito similares, não tenho vergonha, nunca me importei com isso. Passei mais de 8 anos na mesma escola, e minha peculiaridade foi surgindo durante a adolescência, de forma que os amigos que tinha já estavam acostumados comigo, eles não me tratavam diferente, nem olhavam para mim diferente, os colegas ate que sim, os amigos nunca. Eu fiquei na mesma sala, sempre a turma A do Centro Educacional Aproniano Martins de Oliveira, por 8 anos, lá eu fiz grandes amigos, embora não tenha mais muito contato com nenhum deles, joguei futsal, sendo capitã e goleira do time do inicio ate o momento que fui embora, líder de turma desde a 4º serie, não era exatamente anti-social. Mas ai, tudo mudou... Como toda a minha turma, ao chegar na 8º serie do ensino fundamental, eu prestei exame para entrar na categoria de ‘Ensino Médio Integrado’ do antigo Centro Federal de Educação Tecnologica (CEFET), hoje Instituto Federal, fui aprovada no curso de Edificações, e pela primeira vez em quase uma década, fui aquilo que mais detestava ser, novata. Mesmo todos da minha turma serem novos também, aquilo não me deixava mais confortável...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu (P-1)

Vamos ver como isso funciona. Não consigo produzir, escrever, brincar com as palavras como costumava, mas mais uma vez estou aqui tentando, que a minha falha não seja a falta da determinação. Assim, vou simplesmente fechar os olhos, e deixar meus dedos fazerem o que minha cabeça parece ter desaprendido.
Sinto, por algum motivo, enquanto monto palavras, após palavra, que não posso parar, que tenho de me apressar, pois as palavras estão acabando. Eu sei que é um assunto chato, que ninguém quer perder o próprio tempo com reflexões alheias de uma cabeça que já não sabe do que esta falando, mas ainda assim, não posso parar, ainda que ruim esta ‘dança’, esta surgindo tão naturalmente, que não me atrevo a interrompê-la e correr o risco de não ter outra a seguir.
Imaginei, agora, que o problema principal fosse o tópico sobre o qual escrever. Sempre acho que não tenho informações suficientes sobre os tópicos que para mim são interessantes, ou se tenho, minha falta de disposição entra em cena para que eu possa usá-la como desculpa para o branco no papel. A verdade é que tudo poderia ser a mesma coisa. A mesma força dentro de mim que esta se negando a me deixar escrever.

Disposição agora não esta me faltando, e para não correr o risco da falta de informação, vou falar sobre o único assunto no qual não me falta pericia, eu mesma.
Acho que nunca falei de mim mesma no decorrer dos blogs, embora textos e mais textos contenham mares de informações sobre a minha pessoa, meus sentimentos, meus pensamentos, falar de mim sempre foi seguir uma ficha técnica de dados simplórios que em nada colaboram para se conhecer alguém de fato.

Começar pelo nome e a idade, é de praxe, embora eu ache irrelevante, uma vez que seus olhos correm por estas linhas, o nome do espaço ao qual este texto é exposto já oferece essa informação básica.
Meus pais, de quem eu nunca falo nas minhas postagens, possuem a culpa majoritária da minha personalidade autoritária, teimosa e impaciente. São dois sociólogos mais do que engajados nas lutas por uma sociedade mais justa, cada um em seu movimento social especifico, embora eu ache que eles na verdade trabalhem no mesmo corpo, só que órgãos diferentes. Quando eu era pequena, costumava compará-los com os super heróis que via em filmes e histórias... Não, não têm nada a ver com a admiração de filhos que vêem os pais como seres super poderosos, mas quando era explicado para mim que o trabalho deles era lutar por um mundo melhor, não tinha como não associar aquela odisséia heróica por paz, justiça e bondade para toda a humanidade, a única diferença é que os heróis lutavam contra vilões unanimemente apontados como tal através da violência, e meus pais... Bom, eles usam um jeito um pouco mais demorado, porque os bandidos em questão são vistos como mocinhos por muita gente.
Graças a eles eu desenvolvi um apreço muito grande pelas ciências humanas. Tenho certeza que com um direcionamento diferente eu poderia ter sido uma médica ou engenheira civil muito hábil, assim, serei eternamente grata a eles por nunca tentarem me empurrar para nenhuma outra categoria da ciência que não as humanas, a rotina de outra área acabaria com a minha criatividade.
Meu pai, em especial, é o responsável por eu gostar tanto de história. Com 9 anos de idade, a maioria ganha brinquedos no dia das ‘crianças’, ou roupas, ou um dia no parque de diversões... Eu ganhei ‘O livro de ouro da mitologia - Thomas Bulfinch’, não, não é um livro infantil, eu ainda o uso agora no ensino superior. Na época eu já gostava de história, já mostrava um interesse pela matéria, mas também demonstrava isso pela matemática. Não foi o livro que me fez gostar de história, minha mãe já tinha me dado ‘A Odisseia’, versão de Ruth Rocha, e eu tinha outros livros de mitologia, mas todos eram livros infantis, apenas com mitos condensados para crianças, essa é a lembrança mais antiga que tenho que me incentivou mais seriamente para área. Mais ou menos dois anos depois, já na segunda etapa do ensino fundamental, quando passei a ter professores específicos para cada disciplina, minha preferência por história ficou mais do que clara, isso, ou eu estava muito apaixonada pelo professor, o que não deixa de ser verdade, mas infelizmente ele partiu meu coração largando a magistratura e alistando-se na marinha. A partir daí o resto das minhas leituras e empenhos foram voltadas para livros que continham informações históricas ou referencias a mitos, em especial sobre a antiguidade.
Apesar de sempre ter tido muita preguiça de ler e estudar, minhas notas nunca foram ruins, muito pelo contrário, eram até bem boas. Mas chegou o momento no qual eu não podia mais fugir a ler livros grandes, e que como não falavam sobre mitologia, não me interessava de fato. Eu devia ter entre 10 e 11 anos, quando uma grande amiga minha me apresentou um livro que seria um grande personagem nos próximos anos da minha vida...