quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bem mais do que parece

Para a primeira postagem pertinente deste blog muitos temas passaram pela minha cabeça, deste temas mais polêmicos ate alguns mais leves. Deixando claro que apesar de ter feito este espaço como um lugar para discussão, ele continua sendo bastante pessoal, ainda são opiniões muito pessoais expressas aqui.

Me sinto muito culpada por não ter tido tempo, e de certa forma, paciência para fazer a pesquisa que eu pretendia e dar dados mais exatos, mas infelizmente o tempo parece trabalhar como meu inimigo ultimamente.

Eu não gosto quando o Nordeste é colocado na posição de ‘vitima’ de fato, eu odeio quando transformam a minha região numa pobre coitada incapaz. O preconceito e os estereótipos colocados em cima dessa região já estão tão batidos que é ate mesmo cansativo argumentar tudo mais uma vez.

Já ouvi que somos estorvo, que atrasamos o país, que se livrando do Nordeste o Brasil se livra de toda a pobreza e fome, já ouvi que nordestinos são ignorantes, que aqui só tem forró, cachaça e seca, que não existe qualidade de vida, que as pessoas são preguiçosas.


Somos um país com tantas pessoas que se dizem intelectuais, e ainda assim não procuram saber os motivos ou o contexto de todas essas afirmações preconceituosas sobre a região. É fato que o nordeste tem muitos problemas, muito acima da media, muito mais do que outras as regiões do país, mas a critica ofensiva e não construtiva não ajuda a resolver esses problemas.

Para resolver problemas é preciso entender a causa deles, e para entender a causa temos que recorrer a um passado um pouco mais distante. As pessoas que fizeram essas ‘obras de arte’ (que diga-se de passagem não mostram nada alem de um péssimo conhecimento da geografia física brasileira, e uma piada sem graça no uso de termos perjorativos) expostas nessas imagens se esquecem que o pólo industrial que se montou no centro-sul se ergueu e cresceu sustentado pelo trabalho pesado, suado, desprezado e mal pago de milhares de nordestinos que migraram para o centro econômico do país quando ele ainda estava em seu inicio. É complicado andar, por exemplo, por São Paulo e, digamos num grupo de dez pessoas, a maioria não ter descendência nordestina ou pelo menos algum parente ou alguma relação com mesmos. Foram anos em que os piores empregos, aqueles que ninguém queria, mas que eram a única maneira de sobreviver foram dados a nordestinos, e ainda é assim em muitas situações, muitos saíram miseráveis daqui para serem miseráveis em outro lugar e ainda serem explorados e humilhados.

No Rio Grande do Sul, por outro lado, a população me parece um pouco mais homogênea, embora, no pouco tempo que passei em Porto Alegre, não pude deixar de notar certas familiaridades entre vários detalhes da cultura gaucha com a nordestina, como por exemplo, a semelhança em certos ritmos e estilos de dança com o forró pé de serra, o mais tradicional da região.

É de se admirar que a “civilização” como se descreve nos mapas tenha tão pouco conhecimento sobre a região que tanto criticam. Sabiam por exemplo que o Rio Grande do Norte tem uma das três melhores faculdades de medicina do Brasil? A melhor faculdade de Odontologia, e há cinco anos a melhor de Historia também, alem da melhor engenharia elétrica e em arquitetura e urbanismo. Sabiam que a faculdade de Campina Grande na Paraíba é a melhor em engenharia civil? Ou que o estado do Ceara é sempre o estado com o maior numero de aprovados no ITA? Um feito incrível para uma região onde as pessoas são ignorantes. Alguém já parou para reparar que o Rio Grande do Norte tem a segunda maior exploração de petróleo do Brasil, sendo a maior em terra? É outro grande feito para uma região que não tem nada a contribuir.

É fácil fazer criticas, eu pessoalmente tenho muitas, a todas as regiões, a vários países, ao mundo todo, mas o que se ganha com criticas ofensivas? Por que não conseguem simplesmente parar com esse sentimento bairrista de estados e regiões e serem um pouco mais nacionalistas e pensarem no país como um todo e não como um quebra cabeça desmontado? O nordeste é uma região pobre, mas uma região que com os investimentos e a cooperação da ultima administração esta crescendo e deixando de ser o “destino dos impostos”, as pessoas estão dando mais valor a educação, prezando mais por ela, então por que é tão difícil ver as coisas boas que tem aqui? Por que as pessoas têm que enxergar só as ruins?

É clichê, mas as praias mais bonitas estão aqui, as cidades mais antigas, o povo mais amistoso, uma das maiores variedades alimentares, embora as pessoas não aproveitem isso e se alimentem não muito bem. O único ponto negativo ao qual eu realmente não tenho como rebater, é o calor, sempre fui mais chegada ao frio xD

Não me importo, de maneira nenhuma que se fale sobre os problemas do nordeste, a verdade não me incomoda, eu sei que há problemas, sei quais são e sei que são graves, e que prejudicam demais, o que me irrita é esses problemas serem usados como argumento para transformar o nordeste e o nordestino em coisas inferiores.

Bom, meus argumentos são poucos, não são tão bem estruturados como eu gostaria, mas estão ai.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

De A à Zélia

Desde que tive vontade de voltar com o blog andei pensando o que poderia usar como primeira postagem. Da ultima vez, iniciei o blog com uma postagem de revolta, de ira, por um assunto que agora para mim é indiferente, alem do que, não estava sendo exatamente fiel, nem constante nas minhas declarações aqui.

Eu já tenho diários para desabafar, para expor minhas frustrações, então acho que vou me limitar um pouco enquanto estiver por aqui, não por medo de julgamento quanto ao que digo, mas por achar desnecessários colocar aqui alguns aspectos da minha vida, afinal, minha vida cotidiana não desperta interesse algum, às vezes nem eu mesma me interesso por ela, e mesmo já podendo fugir um pouco no “Terra de ninguém”, eu gostaria de agora ter algo para poder abordar assuntos mais sérios.

Uma das coisas que me motivou a voltar a trabalhar num blog foi uma situação recente quando eu estava debatendo, no fórum da comunidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, acerca da adoção de crianças por casais homossexuais. Não foi este o motivo principal, na verdade foi apenas a gota d’água. Escandalizou-me a maneira como foram abordados este e outros assuntos lá sugeridos, as coisas que foram escritas, os absurdos que foram ditos. Mas deixemos esses assuntos para textos futuros.

O titulo em especial, embora não seja imparcial, deixa claro que cada uma das postagens aqui contidas, vão conter a minha opinião pessoal, o meu ponto de vista, mesmo os textos de outros autores irão conter notas com a minha visão do assunto. Que fique claro que não pretendo de nenhuma forma, excluir o ponto de vista das outras pessoas, os comentários ficarão livres para as opiniões de todos, mantendo, é claro, o devido respeito para com todos.

A primeira vista eu sei que esta postagem inicial saiu bastante formal, se comparadas ao blog anterior, mas achei necessários esclarecer a criação deste e o fim do antigo.

Espero poder contar com a atenção, opinião e colaboração para continuar com as postagens aqui por muito tempo.