terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

25 anos depois

Não é nenhum assunto novo, nem mesmo uma perspectiva diferente. Era uma geração que supostamente cresceria mais livre que a anterior, a geração da mudança e das oportunidades. Por filmes, livros, novelas e comerciais, e até pelo saudosismo de terceiros pela própria juventude, nos fomos lembrados constantemente de que a juventude era o auge da vida, e que não devíamos desperdiçá-la. Acabamos aprendendo que o fim da juventude é o limite de tempo para se alcançar algo. Para uns isso significou exageros de tudo antes de seguir o trajeto padrão já adotado, para outros ainda é o desespero produtivo para alcançar um suposto conforto antes dos trinta. E para todos, significa a incessante sensação de fracasso quando o "sucesso" não chega logo.
Estamos aqui hoje na segunda metade dos nossos 20, tentando explicar nossa ansiedade e depressão, e ainda esperando pela ideia de sucesso que enfiaram na nossa cabeça. Esse sucesso não vai chegar, porque cada aspecto desse sucesso foi atrelado a competição... E na competição se alguém ganha, outros tantos tem que perder.
Sempre esperaram muito das crianças dos anos 90, e sempre fomos lembrados quanto esperavam de nós. Crescemos individualistas, cobrados a provar que eramos especiais em vez de aprender que cada indivíduo é único. Deixamos de valorizar o indivíduo por quem é em vez de por quem a sociedade o determinou ser. Ensinaram que poderíamos o que quiséssemos, mas esqueceram de dizer que o mercado também precisaria nos querer. Nos pediram e exigiram inovações, revoluções, enquanto nos apertavam em formas pré moldadas séculos antes de nós. Disseram que eramos livres, mas esqueceram de dizer que a liberdade é paga e cara. 
Hoje, mesmo com tudo que se esperava alcançar aos 20 e tantos anos, vemos alguém aparentemente melhor que nós e nos perguntamos se fazemos parte dos que falharam, se não poderíamos estar melhores. Achamos que estamos perdendo coisas quando outros nos alcançam em status, carreira, direitos... Fomos ensinados a competir e não a conviver. 
Eu ainda espero muito da minha geração, que ela ensine pelo exemplo, tanto do que ser como do que não precisa e nem deve ser. 

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